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Especialista dá dicas para ceder ao consumo sem sair do orçamento

Série da TV Centro América mostra cenário econômico atual em MT e no país.

Como fazer para poupar dinheiro, mas também ceder a um desejo de consumo sem sair do planejamento financeiro, principalmente quando as ofertas estão aqui e ali, nas vitrines espalhadas por shoppings e lojas?

“Eu vejo, me chama atenção, aí eu levo, né?”, confessa a auxiliar de serviços gerais Célia Correa da Cruz

Essa dificuldade para manter o autocontrole com os gastos tem explicação:

“Nosso cérebro funciona de duas maneiras: o lado emocional e o lado racional. Essa pessoa que tem seu orçamento controlado tem o racional funcionando ‘belezinha’. Quando ela chega no shopping, todo o conjunto de marketing e exposição é para ativar seu lado emocional e aí você fala: ‘Nossa, que legal, que gostoso’. E comprar é prazeroso, mas, nesse momento, o racional fala: ‘Você não pode, você está planejando, você quer guardar dinheiro, economizar’”, revela o planejador financeiro Ezequiel Machado.

Muita gente conhece muito bem este dilema. “Hoje a facilidade está muita, né? Tanto no cartão de crédito, parcelando em muitas vezes, sem juros, e aí a gente acaba se deixando levar por isso”, reconhece o empresário Rodrigo Silva dos Santos.

O cartão de crédito tem sido o maior vilão dos endividados. Segundo a Serasa Experian, são mais de 66 milhões de brasileiros com o nome “sujo” – o número mais alto desde 2016. A maioria, mais de 28%, tem dívidas com bancos e cartões.

“A dica que eu sempre dou é colocar limite no seu cartão de crédito. No aplicativo das instituições financeiras, tem como você reduzir o limite e deixar em um valor que seja compatível com sua renda. Se você gastar esse valor, vai estar tranquilo em seu orçamento. Então, você planeja antes de sair de casa”, completa Machado.

A empresária Fran Ghellere tem uma cozinha especializada em alimentação saudável em Rondonópilis, a 218 km de Cuiabá. Com a produção de marmitas, conquistou a independência financeira, mas precisou se livrar de muitos boletos que não foram pagos no prazo.

“É uma angústia muito grande. Não dormia direito e as coisas da gente não rendem, né?”, relembra.

O que a empresária sentiu é comum, segundo o psicólogo George Morais de Luiz. Segundo ele, os casos de endividamento são nas dívidas mais demoradas que os sintomas comportamentais mais graves podem surgir.

“A gente sabe que ela vai ter que conviver, às vezes, com quadro de ansiedade, estresse e depressão por um período maior. O que a gente pode fazer por essas pessoas é estar com elas e ajudá-las nesse processo, mas não necessariamente fazer algo para que não sintam isso que estão vivenciando, porque isso faz parte, infelizmente, do processo do endividamento”, acrescenta.

A orientação para quem está endividado e quer começar a pagar as contas em atraso precisa identificar quais são aquelas que têm os juros mais altos.

“Você precisa sair do juros caros. Jamais fique devendo no cartão de crédito”, avisa o consultor financeiro.

Organização
Há três anos, quando a Fran começou a cozinha saudável, o cartão de crédito dela tinha uma dívida de R$ 6 mil, mas os R$ 50 que ela tinha para começar o empreendimento foram suficientes para mudar a história dela. Enquanto pagava as dívidas, ia comprando à vista e pagando em dinheiro tudo o que ela precisava para o novo negócio.

Pelas redes sociais, sem pagar nada, foi conquistando mais clientes e conseguiu quitar tudo o que devia ao longo de 36 meses. “Eu preciso disso? Vai me fazer falta? Se não vai, não tem necessidade de comprar. A sensação, agora, é de vitória, dever cumprido. Graças a Deus, hoje eu penso muito antes de fazer uma conta”, comemora.