Segundo o administrador de empresas Fernando Trabach Filho, os combustíveis sintéticos surgem como uma alternativa estratégica para descarbonizar setores da economia onde a eletrificação direta é inviável ou economicamente desvantajosa. Aviação, transporte marítimo, caminhões pesados e indústrias de alta demanda térmica estão entre os segmentos considerados de difícil descarbonização — justamente por exigirem densidade energética elevada, autonomia prolongada ou infraestrutura especializada.
Produzidos a partir de hidrogênio verde combinado com dióxido de carbono capturado, os combustíveis sintéticos têm a vantagem de serem compatíveis com os motores e sistemas de abastecimento já existentes. Essa característica os torna especialmente atraentes para promover uma transição energética sem a necessidade de grandes modificações estruturais, ao mesmo tempo em que reduzem significativamente as emissões de gases do efeito estufa.
O que são combustíveis sintéticos e como são produzidos?
Os combustíveis sintéticos — também conhecidos como e-fuels — são líquidos ou gasosos produzidos por processos químicos que combinam hidrogênio obtido por eletrólise da água (utilizando energia renovável) com carbono capturado da atmosfera ou de fontes industriais. O resultado é um combustível neutro em carbono, uma vez que o CO₂ liberado na queima equivale ao que foi capturado para sua produção.

Conforme aponta Fernando Trabach Filho, essa abordagem torna os e-fuels uma solução de “ciclo fechado”, alinhada às metas globais de neutralidade climática. Além disso, por apresentarem características similares aos combustíveis fósseis, como querosene de aviação ou diesel marítimo, eles podem ser utilizados em infraestruturas já consolidadas, acelerando sua adoção em escala.
Aplicações estratégicas em setores de difícil eletrificação
Embora a eletrificação direta esteja avançando em carros de passeio, ônibus urbanos e alguns modais ferroviários, há setores em que essa transição é tecnicamente mais complexa. Aviões de grande porte, navios cargueiros, caminhões de longa distância e indústrias pesadas (como siderurgia e cimento) requerem soluções energéticas com alta densidade e autonomia.
Assim como frisa Fernando Trabach Filho, os combustíveis sintéticos se posicionam como uma ponte tecnológica capaz de oferecer desempenho equivalente ao dos combustíveis fósseis, com menor impacto ambiental. Na aviação comercial, por exemplo, os Sustainable Aviation Fuels (SAFs), que incluem e-fuels, já são testados em voos comerciais, com potencial para reduzir em até 80% as emissões líquidas de carbono por quilômetro voado.
Vantagens e desafios do uso de combustíveis sintéticos
As principais vantagens dos combustíveis sintéticos incluem sua compatibilidade com a infraestrutura atual, o potencial de produção descentralizada, a redução drástica das emissões líquidas de CO₂ e a possibilidade de armazenamento e transporte similares aos combustíveis fósseis. Eles também contribuem para a segurança energética, ao diversificar a matriz e reduzir a dependência de petróleo importado.
No entanto, ainda existem desafios técnicos e econômicos consideráveis. A produção de e-fuels requer grandes quantidades de energia elétrica renovável, e os processos de eletrólise e captura de carbono ainda apresentam custos elevados. De acordo com Fernando Trabach Filho, superar essas barreiras depende de inovação tecnológica, escala de produção e apoio governamental por meio de políticas públicas e incentivos econômicos.
Políticas públicas e investimentos em infraestrutura verde
Países como Alemanha, Japão e Estados Unidos já vêm investindo fortemente na pesquisa e desenvolvimento de combustíveis sintéticos, com o objetivo de criar corredores logísticos verdes e hubs de produção em regiões com excedente de energia renovável. O Brasil, com sua abundância solar, eólica e hidrelétrica, tem potencial para se tornar um grande exportador desses combustíveis, especialmente para mercados europeus com metas climáticas rigorosas.
Assim como destaca Fernando Trabach Filho, integrar a produção de combustíveis sintéticos à estratégia nacional de transição energética pode gerar empregos qualificados, atrair investimentos internacionais e posicionar o país como referência tecnológica em soluções sustentáveis de alta performance.
A complementaridade com outras fontes renováveis
Os combustíveis sintéticos não competem com outras fontes renováveis — ao contrário, eles dependem diretamente delas. Sua produção exige eletricidade de baixo carbono e pode funcionar como vetor de armazenamento de energia renovável intermitente, como a solar e a eólica. Além disso, permitem o aproveitamento de CO₂ capturado de processos industriais, agregando valor à captura de carbono e transformando passivos ambientais em ativos energéticos.
Demonstra Fernando Trabach Filho que, ao lado da eletrificação, do hidrogênio verde e dos biocombustíveis de segunda geração, os e-fuels completam o portfólio de tecnologias necessárias para atingir uma matriz energética realmente neutra em carbono.
Combustíveis sintéticos como solução para o futuro da mobilidade e da indústria
A transição energética precisa considerar a diversidade de realidades e necessidades de cada setor produtivo. Para isso, soluções versáteis, escaláveis e ambientalmente responsáveis são essenciais. Os combustíveis sintéticos oferecem essa versatilidade, com a vantagem de se integrarem aos sistemas atuais e promoverem descarbonização real nos setores mais resistentes à mudança.
Fernando Trabach Filho conclui que, com visão estratégica, incentivos certos e investimento em pesquisa, os e-fuels podem se tornar uma das ferramentas mais importantes para combater as mudanças climáticas, ampliar a soberania energética e acelerar o desenvolvimento tecnológico com base em sustentabilidade.
Autor: Evans Almuer
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